Previous slide
Next slide

Agenda

Corridinho Português

Separando o africano do cigano
Do chinês, do indiano, ucraniano,
muçulmano, do romeno ou tirolês
Como vês
Sobra muito, muito pouco português, ó pá
Separando o cristão do taoista,
do judeu do islamita, do ateu ou do budista,
do baptista mirandês
Como vês
Sobra muito, muito pouco português, ó pá

E que tal juntar a malta numa boa
A um corridinho de Lisboa
Volta e meia e roda o par
Triste é quem fica a ver dançar

Separando o celta do visigodo,
O huno do ostrogodo, o romano do suevo, ou o mouro do gaulês
Como vês
Sobra muito, muito pouco português, ó pá

Se tu queres ainda separar o gay,
Da lésbica, do straight, da mulher, gente de bem,
Ou de quem sofre de gaguez
Como vês
Sobra muito, muito pouco português, ó pá

Refrão

Ora tenta separar o teu genoma,
tu tens tanto de Lisboa como de Rabat ou Doha,
tudo soma no que és
Como vês
Sobra muito, muito pouco português, ó pá

Se ainda te faz muita confusão
Vai, separa o fótão do protão, do electrão
Até desvaneceres de vez
Como vês
Sobra muito, muito pouco português, ó pá

E que tal juntar a malta numa boa
A um corridinho de Lisboa volta e meia e roda o par

Pois…

Político Antropófago

Crava a unha, carne, pele e osso
Ferra o dente sedente no pescoço
O político antropófago

Na tv, o banquete no palanque
Na régie, querem sangue, pedem sangue
E em casa num sarcófago

A senhora olha gulosa
P ́ra sua mulher a dias
Maria, Maria
A sua pele é tão macia


O ódio, a fúria espoleta
A gula a pernetas e manetas
O político antropófago

E, com gáudio, há quem se perfila
Se corta à fatia e mutila
E em casa num sarcófago

A senhora olha gulosa
P ́ra sua mulher a dias
Maria, Maria
A sua pele tão macia
Maria, Maria
Já se comia qualquer coisinha


É assim que marcham, carcomidos,
Arrastando as filhas e os filhos
Ao político antropófago

Num monte de restos são cuspidos
Amanhã, varridos e esquecidos
E em casa num sarcófago

Já marchava qualquer coisinha
Tenho um ratinho na barriga

Tratado de Paz

Quando a guerra acabar
Os líderes apertam as mãos
E na foto vão ficar
Muito amigos, muito irmãos
E a velha mãe no quarto
Chora pelo filho
E a jovem põe num saco
A roupa do marido
E a criança
Quer o pai
Quando a guerra acabar
Vai haver entendimento
Só de paz irá falar
Quem à guerra deu sustento
E assinam um tratado
Que ambos acordaram
No fim, será proclamado
Que todos ganharam
Mas sabemos
Quem perdeu
Nós sabemos
Quem perdeu

Testa de Ferro

Quero ser testa de ferro de um qualquer peixe graúdo
Ter amigos no governo e com eles p(h)oder tudo
Quero aliciar quem queira alinhar num cambalacho
Em troca de um pé de meia, de uma casa ou de um bom tacho

Quero ser representante do teu esquema obscuro
Inventar livros na estante, um currículo ou um curso
Eu quero ser influente, jantar com quem me convém
E se for conveniente vendo o pai e vendo a mãe

Quero pôr maços de notas em pequenos envelopes
Dar a fuga pro estrangeiro antes que alguém me tope
Quero contas na Suíça, uma casa em Paris
E chamada à justiça ser amiga do juiz

Quero ter muitos amantes, uma vida glamorosa,
Ir a festas deslumbrantes de revistas cor de rosa
Sem vergonha, arrogante, cá vou eu com pompa e estalo
Eu só quero entrar em grande pela porta do cavalo

PLAYLIST OFICIAL DO ÁLBUM

AS CARAS DE ESPELHO (SHORT-FILM)

Música

Álbum Estreia - Já disponíveL

Newsletter

Saiba em primeira mão!